As Pontes Vivas de Meghalaya 



Na Índia há pontes vivas, que continuam a crescer. São uma obra de arte profundamente ecológica e desempenham um papel importantíssimo em Meghalaya, uma das áreas mais chuvosas do planeta.O ponto mais alto, com 1.372 metros, retém as nuvens de chuva que fazem com que Cherrapunjee, a maior povoação da zona, detenha o recorde mundial de chuva: mais de 24 metros em 1974. 
Os habitantes locais, as tribos khasi, criaram uma solução arquitetónica e ecológica única no mundo: uma rede de pontes de madeira e escadarias que atravessam o seu território, e que são literalmente à prova de água. 


Os khasi aproveitam o potencial destas raízes, dirigindo-as para a outra margem, sustentando-as com uma estrutura de troncos ocos da árvore de bétel, tecendo-as e reforçando-as até a árvore crescer e formar uma ponte com força e tamanho para poder ser atravessada. Ao mesmo tempo, é preciso alimentar as raízes, colocando folhas e casca de árvores nos troncos que as guiam, até conseguirem atingir o solo, do outro lado do rio, e começarem a alimentar-se por si próprias.
O processo é feito recorrendo às raízes da Ficus Elastica, uma espécie de figueira, que os habitantes fazem crescer entre as margens dos rios. Como elas estão vivas, vão ficando maiores, cada vez mais fortes e seguras, chegando a suportar mais de 50 pessoas.



Enraizada no chão, aguenta a violência dos rios que descem as
montanhas, arrastando pedregulhos do tamanho de casas e invadindo as margens durante semanas – coisas que as vulgares pontes de cimento, ou feitas de árvores mortas, não aguentariam por muito tempo. A estrutura mostra que estas pontes juntam a beleza de uma árvore com a de uma tapeçaria: raízes da grossura de um vime entrelaçam-se com raízes da grossura de um braço, numa complexa teia de texturas e idades; de um lado e do outro do rio, os “pilares” são troncos gigantescos com uma coroa de folhas que não deixa ver o céu.
Uma ponte pode demorar entre 10 a 15 anos a ficar totalmente funcional. Depois disso, algumas duram mais de 500 anos.
É um belíssimo exemplo de arquitetura sustentável e de como o homem pode conviver em paz com a natureza, mesmo quando ela mostra sua força.